segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

this used to be my playground

Why did it have to end?
And why do they always say
Don't look back
Keep your head held high?
Don't ask them why because life is short
And before you know
You're feeling old and your heart is breaking
Don't hold on to the past
Well, that's too much to ask.
[This used to be my playground - Madonna]


Fui a pé da Paulista até Pinheiros. Queria espairecer.

Mas decidi não ir pela Rebouças porque queria um pouco de pheenesse, então resolvi ir pela Rua da Consolação. Quanto mais descia, mais lembranças vinham à mente.


...quando saía de carro para bater cabelo com o Du, sempre descíamos pela Jaú. Já a esquina com a Al. Itu, onde é um antiquário, era onde eu ficava sentado dando uns bjos no Magrelo.


Bar du Bocage em 2001

E o quarteirão em frente ao O’Malley's? Um prédio residencial suntuoso está sendo erguido sobre as minhas lembranças. Foi lá que tive o primeiro contato com o cenário gay. A ferveção em frente ao Bocage com toldo verde, a pista minúscula do Massivo, o sofisticado bar Hertz... A última vez que passei pela a Al. Itu de noite, fiquei horrorizado com a infestação de emos e adolescentes.

Deu um aperto no peito ao passar pela frente do Ultralounge, palco de noites perfeitas.
Quantas noites saí acabado de tanto dançar as musiquinhas pop das noites Delight. O Ultra foi o cenário do início do meu namoro com o Magrelo. Noites que ficavam marcadas não só na memória, como no pescoço.


Cenas do Ultralounge

Não, não foram as lembranças do relacionamento finado que me deixaram triste. Foi a faixa de “ALUGA” e dois mendigos dormindo na entrada toda preta e sofisticada, onde a hostess reinava com seu carão. Antes tinha cheiro de uísque misturado com perfume importado; hoje, fede a mijo.

Ao lado, o que um dia foi o bar Allegro. Era onde rolava o “esquenta” das bees bonitas e onde conheci muitos dos meus amigos. Ficávamos conversando, conversando, conversando e bebendo até decidir se seria Ultra ou Massivo ou Sogo... Agora é um buffet infantil.

Olhando à frente, o supermercado DIA não faz jus nenhum ao glamour de outrora: ali funcionava o primeiro Ultralounge (imóvel anterior ao da fachada do “aluga”). Eu gostava de chegar cedo e reparar na decoração inspirada em um bordel decadente chinês. As músicas lounge no volume certo para conversar. Lanternas chinesas, cortinas vermelhas, espelhos e a famosa cama no meio da pista. Ah, as noites Jet Lounge, com apoio do champagne Veuve-Clicquot Ponsardim...

E assim vai.... Os moradores, juntamente com a prefeitura, finalmente conseguiram acabar com o quarteirão gay mais badalado de São Paulo. Era tão bom ter tudo por perto... Mas um por um, os points foram extintos. E com eles, se foi uma parte de mim.
O cenário da minha descoberta, os primeiros beijos, a primeira dança das músicas de balada gay (quem não conhece, não sabe o que está perdendo), os meus dezoito anos...

É triste não ter fisicamente as minhas referências. É difícil passar pelo lugar e não poder mostrar para alguém, lembrar ou simplesmente entrar. Muitas dessas lembranças não ficaram registradas em fotos, apenas na memória.

5 comentários:

Anônimo disse...

Querido, cai na real! Você está ficando velho!

Anônimo disse...

Olha, se até euzinha me acabei na gaiola do Massivo, é porque é coisa de velho mesmo...

Anônimo disse...

Lendo seu post, fui revendo toda a cena na minha cabeça. Dá uma tristeza.

"Belezas e Encrencas" por um Assessor de Imprensa disse...

Uau...consegui rever parte da minha vida na night gay também. E olha que faltam alguns anos antes de eu chegar nos 30. Infelizmente, realmente perdemos parte de nossas referências. É triste.

Anônimo disse...

Gente, que tudo, que saudades do bocage